Facebook desabilita contas de acadêmicos que pesquisavam sobre desinformação na rede social

O Facebook baniu na última terça-feira (3) as contas pessoais de acadêmicos da Universidade de Nova York que pesquisavam sobre transparência e desinformação na rede social.

A plataforma justificou a decisão afirmando que o grupo desrespeitou as regras sobre raspagem de dados e comprometeu a privacidade de seus usuários. Os pesquisadores afirmam que estão sendo silenciados por exporem os problemas da empresa.

O Facebook também retirou o acesso dos acadêmicos às APIs, um conjunto de ferramentas usado para compartilhar dados da rede social com outros serviços, desabilitou acesso a determinados aplicativos e removeu páginas associadas à pesquisa.

"Explicamos diversas vezes nossas preocupações com privacidade para a NYU, mas seus pesquisadores decidiram não considerá-la", disse o porta-voz do Facebook, ao G1 (veja o posicionamento da empresa na íntegra no final da reportagem).

Os pesquisadores fazem parte de um projeto chamado NYU Ad Observatory, que pede para que voluntários baixem uma extensão para navegadores web que coleta dados sobre quais anúncios políticos elas veem no Facebook.

Parte dessas informações são disponibilizadas publicamente pela rede social a partir de um recurso chamado "Biblioteca de Anúncios". Porém, dados que indicam o porquê de um usuário estar vendo aquela publicidade não é revelado nesta ferramenta – uma das informações coletadas pela pesquisa.

Laura Edelson, uma pesquisadora envolvida no projeto que teve sua conta pessoal banida pelo Facebook, disse que a empresa quer acabar com a investigação independente de sua plataforma.

"O Facebook está usando a privacidade do usuário, uma crença central que sempre colocamos em primeiro lugar em nosso trabalho, como um pretexto para fazer isso", afirmou em um comunicado enviado à Bloomberg.

A rede social já se envolveu em polêmicas relacionadas à coleta de informações feitas por terceiros em sua plataforma – o mais famoso foi o caso Cambridge Analytica, que usou um aplicativo para coletar informações privadas de 87 milhões de usuários sem seu conhecimento.

A Comissão Federal de Comércio (FTC) dos Estados Unidos multou o Facebook em US$ 5 bilhões pelo caso e exigiu novos controles de privacidade.

A empresa afirmou ser necessário restringir os pesquisadores da Universidade de Nova York devido às diretrizes da FTC, algo que é contestado pelos acadêmicos.

Veja posicionamento do Facebook sobre o caso, na íntegra:

"Explicamos diversas vezes nossas preocupações com privacidade para a NYU, mas seus pesquisadores decidiram não considerá-las e, em vez disso, continuaram a raspagem de dados de pessoas e anúncios da nossa plataforma. Oferecemos aos pesquisadores a oportunidade de usar nossas ferramentas de transparência de maneiras que não violam nossos termos e que têm as devidas proteções de privacidade. Não nos restou outra opção a não ser desativar o acesso dos pesquisadores às ferramentas para desenvolvedores, assim como suas contas e aplicativos. Estudos acadêmicos da nossa plataforma são bem vindos, mas não aceitamos que sejam feitos às custas da privacidade das pessoas". - porta-voz do Facebook.

G1 Tecnologia 

Redação

Redação geral do mundo dos otakus.

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